Críticas



Antonio Carlos Brunet, Dunga Outubro/novembro de 2016. 

CRÍTICA OFICIAL DO CRÍTICO DO ROSÁRIO EM CENA 17 ANOS 
ÂNTONIO CARLOS BRUNET - DUNGA 

OS PIRATAS DO BEM 

A Cia. Artística Avenida Lamparina, de Jaraguá do Sul, SC, brinda-nos com uma pequena jóia rara, em meio ao XVII Festival Internacional de Teatro Rosário em Cena: o espetáculo infantil BAÚS DO TESOURO, criação coletiva do grupo em questão, sob a direção de Laércio Amaral. Trata-se de uma intervenção teatral em espaços urbanos, utilizando técnicas variadas de teatro, no formato caixas de lambe-lambe. O grupo instala-se num espaço determinado, com suas caracterizações e cenários sendo montados abertamente e, os espectadores assistem, então, às três historinhas envolvendo piratas, em suas caixas transformadas em baús. As historinhas são A ILHA, A SEREIA e O TESOURO, com duração de em torno de 3 minutos, cada uma. Em sua proposta original, eles permanecem no espaço escolhido, por determinado tempo, e, os transeuntes que quiserem, podem assistir a(s) obra(s), quando lhes aprouver. No Festival, devido ao mau tempo, o grupo foi levado para as dependências de um ginásio de esportes, onde os espectadores sentaram-se em volta, e eles iniciaram a ação, ou seja, o ritual de preparação, que vai sendo construído durante a entrada do público. Este ritual, que prepara a ação propriamente dita do espetáculo, consiste em aquecimentos de corpo, alongamentos, jogos variados de concentração, montagem de alguns elementos cenográficos e a colocação de maquiagem e figurinos, tudo objetivando a plena realização da proposta. Devido ao fato de o público desta apresentação específica permanecer em local fechado, e à expectativa criada pelo grupo com todo o arsenal e circunstância preparados, o espetáculo enfrentou alguns contratempos. O elenco - três atores - é maravilhoso. São dotados de energia ímpar, distribuída de maneira uniforme, entre os três. São profundamente carismáticos e estabelecem uma empatia natural e instantânea com o público - tanto adultos como crianças. Cantam maravilhosamente bem, de maneira teatral e clara. Enfim, são talentosos e dominam o ofício do teatro, com maestria. Só que após uma introdução de, aproximadamente, 15 minutos, os personagens embarcam em sua galera - cenografia exuberante, por sua grandiosidade e requintes de detalhes -, de onde convidam o público a formarem fila e assistir aos seus tesouros pessoais - as três pequenas peças, ao encargo de cada um dos atores -, o teatro lambe-lambe, propriamente dito, mostrado em suas caixas cenografadas como baús. Na circunstância já citada, com muita gente em torno, fiquei constrangido de tomar o lugar das crianças, nas filas, para assistir ao lambe-lambe. Acreditava ser a utilização da técnica uma das etapas a serem vistas, para a compreensão do todo da ação. Entretanto, uma das atrizes me informou que, não havia uma seqüência, pois o espetáculo é o lambe-lambe. Portanto, como criança-problema, fiquei frustrado. Minha frustração, porém, não aconteceu em descrédito ao apresentado. Ao contrário: frustrei porque queria mais. O talento dos envolvidos e a qualidade da amostra grátis, digamos assim, do que assisti, me deixaram babando, como se diz. Ou seja, deram-me um pirulito ao qual só tive direito a uma lambidinha. Não sei se às crianças tal sentimento se configura. Creio que não, por estarem elas mais curiosas para verem o que havia dentro dos baús, do que qualquer outra coisa. E o ar de felicidade e estupefação com que elas voltavam da sessão, era gratificante. Mas, porém, todavia, contudo, sugiro ao grupo, se eles me permitirem - e se não permitirem sugiro igual - que formatem uma versão para lugares fechados, onde as pessoas não estejam somente de passagem, e que possam usufruir com plenitude as várias pontas da estrela de um grupo que peca pelo excesso de talento, sem soberba, o que lhes garante um lugar garantido e de primeira classe no fechado clube dos verdadeiros artistas. O que é bem mais difícil do que garantir vaga no céu.
P. S. - Segundo os jurados/debatedores - aos quais era imprescindível assistir ao lambe-lambe - o trabalho é, realmente, um tesouro, com o elenco demonstrando um perfeito domínio das técnicas propostas, e de uma delicadeza e sensibilidade indescritíveis. 

Grupo - Cia. Artística Avenida Companhia Av Lamparinaa - Jaraguá do Sul, SC Espetáculo - BAÚS DO TESOURO Autoria - Cia. Artística Avenida Lamparina Cenografia - Paulo Henrique Silva Iluminação - Alex de Souza Sonoplastia - Enéias Raasch e Thiago Barba Figurino - Cláudia Rotta Maquiagem - Thiago Barba Elenco - Thiago Barba, Sassá Andrade e Suzi Daiane Assistente de Direção - Jô Fornari Direção - Laércio Amaral 

Disponível em: https://www.facebook.com/pauloevandro.costa/posts/10209184302579695

Festival de Teatro de Juiz de Fora




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